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Polícia conclui investigação sobre esquema de clínicas em Joinville
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Foto: Internet / Divulgação -
A investigação ouviu 22 pessoas
A Divisão de Investigação Criminal concluiu o inquérito da operação "Venefica", que investigou um esquema liderado por Felipe Francisco, um coach nutricionista com clínicas em Joinville e Balneário Camboriú, Santa Catarina. A investigação envolveu 22 pessoas suspeitas de cometer diversos crimes, incluindo falsificação e adulteração de produtos terapêuticos, falsidade ideológica, formação de organização criminosa, desobediência a determinação de autoridade competente, fraude de preços e crimes contra a ordem tributária.
Ao todo, 31 pessoas foram ouvidas no caso. Das 14 pessoas presas preventivamente durante a investigação, dez ainda permanecem detidas. Entre os detidos, há quatro médicos, cinco nutricionistas, dois farmacêuticos e três funcionários administrativos, incluindo a mãe de Felipe Francisco, considerado o líder da organização criminosa.
Com a conclusão do inquérito, agora cabe ao Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) entrar com denúncias formais contra os acusados.
Sobre o caso
Quem são os presos
Das 14 pessoas que foram presas preventivamente durante a operação "Venefica", quatro são médicos, cinco são nutricionistas, dois são farmacêuticos e três ocupavam cargos administrativos. A maioria das prisões ocorreu em Joinville, com apenas duas delas fora da cidade, incluindo uma em Blumenau.
Um médico de 75 anos, um funcionário administrativo e a mãe de Felipe Francisco, o líder do esquema, foram liberados para cumprir prisão domiciliar. A ex-companheira de Felipe Francisco, que é nutricionista, também foi presa.
A maioria dos detidos possui alto poder aquisitivo, com várias residências e carros. A faixa etária predominante entre eles é de cerca de 40 anos.
Apenas um dos médicos presos ainda mantinha vínculo com a clínica F Coaching, enquanto outro já não estava mais envolvido em medicina estética. Os outros dois abriram suas próprias clínicas para continuar com o esquema. Todos os médicos tinham passado pela clínica de Felipe Francisco em algum momento.
Até a próxima semana, os 40 investigados serão notificados e prestarão depoimentos no caso.
Clínicas fechadas
Seis estabelecimentos foram fechados como resultado da operação "Venefica". Três clínicas em Joinville, incluindo a F Coaching de Felipe Francisco, foram fechadas, bem como a F Coaching em Balneário Camboriú. Uma farmácia de manipulação em Balneário Camboriú e um laboratório de manipulação em Itapema também foram alvos da ação.
Os proprietários desses estabelecimentos foram presos, e durante as buscas foram encontrados medicamentos, receitas médicas, documentos, computadores e celulares. Alguns dos locais também enfrentaram sanções da Vigilância Sanitária, como a falta de alvará sanitário na F Coaching de Joinville. A reabertura desses estabelecimentos só pode ocorrer mediante determinação judicial.
As vítimas
A operação "Venefica" ainda não determinou o número exato de vítimas, mas acredita-se que seja de centenas. Não há um padrão específico de vítimas, pois a clínica envolvida atendia a uma variedade de necessidades, como ganho de peso ou emagrecimento.
O que as vítimas têm em comum é um poder aquisitivo considerável, uma vez que os tratamentos e medicamentos eram vendidos a preços elevados, especialmente para aqueles que passaram pelo coach Felipe Francisco. A consulta com ele era diferenciada, com um custo mais alto, e incluía serviços adicionais, como uma secretaria dedicada e nutricionistas especializados.
Após os primeiros mandados da operação e a ampla divulgação do caso, mais vítimas entraram em contato com as autoridades policiais, incluindo e-mails, ligações e testemunhos presenciais de pacientes da F Coaching. Uma das vítimas entregou a medicação prescrita à delegacia, que agora está passando por análise pela Polícia Científica. Pelo menos 20 vítimas de Joinville já prestaram depoimento no caso.
Como agiam
A operação "Venefica" revelou que Felipe Francisco não possuía licença sanitária para realizar alguns dos procedimentos oferecidos em sua clínica e armazenava medicamentos de forma irregular. O esquema de fraude envolvia a contratação de médicos para assinar receitas e uma parceria com farmácias de manipulação para produzir e vender medicamentos criados por Felipe, com preços superfaturados.
Os pacientes que visitavam a clínica adquiriam um "protocolo", que incluía consulta e medicamentos. Eles não recebiam receitas para os medicamentos, pois todo o esquema era gerenciado pela clínica, que encomendava diretamente das farmácias no Vale do Itajaí. Esses medicamentos eram desenvolvidos pelo próprio Felipe.
Após a produção, os medicamentos eram enviados diretamente para as casas dos pacientes ou para a clínica. O preço dos medicamentos já estava preestabelecido, e os pacientes não se preocupavam com a composição dos medicamentos, acreditando que o tratamento era eficaz.
Os nutricionistas emitiam prescrições indevidas de medicamentos, como anabolizantes, e biomédicos realizavam injeções dentro da clínica. A investigação também indicou a possibilidade de comércio clandestino de medicamentos do Paraguai, além da aplicação de medicamentos vencidos.
As vítimas relataram efeitos colaterais, como taquicardia, manchas na pele e disfunção erétil, diretamente para a clínica. Em vez de solucionar esses problemas, os profissionais da clínica prescreviam medicamentos adicionais para lidar com os efeitos colaterais.
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